• Repoter 11
• 23 Mar, 2022

As manifestações em Angola são expressões de descontentamento popular que vêm ganhando visibilidade principalmente desde o fim da guerra civil em 2002. Ao longo dos anos, esses protestos têm sido marcados por reivindicações ligadas à falta de emprego, ao custo de vida elevado, à corrupção, à má gestão dos recursos públicos e à exigência por mais liberdade de expressão e justiça social.

Apesar da Constituição angolana garantir o direito à manifestação, na prática muitos protestos enfrentam forte repressão por parte das forças de segurança. Em várias ocasiões, jovens ativistas, estudantes e integrantes de movimentos sociais foram detidos, agredidos ou impedidos de se reunir pacificamente. Isso tem gerado tensão entre o governo e a sociedade civil, especialmente nas grandes cidades como Luanda, Benguela e Huambo.

Uma das manifestações mais marcantes aconteceu em 2011, quando um grupo de jovens, inspirados pela Primavera Árabe, começou a organizar protestos exigindo a saída do então presidente José Eduardo dos Santos, que estava no poder há mais de três décadas. Esses atos foram duramente reprimidos, mas acenderam uma nova consciência política entre os jovens urbanos.

Mais recentemente, manifestações também têm ocorrido em resposta à crise econômica, agravada pela queda dos preços do petróleo, pela inflação e pelo desemprego. Em 2021, protestos em Luanda contra o alto custo de vida e o desemprego juvenil terminaram com detenções em massa e confrontos com a polícia. Apesar disso, a juventude continua sendo a principal força mobilizadora, usando redes sociais para convocar atos e divulgar denúncias.

Essas manifestações mostram que Angola vive um momento de efervescência social, em que a população começa a exigir com mais firmeza os seus direitos. O futuro dependerá do equilíbrio entre o fortalecimento da democracia e a capacidade do governo de escutar e responder às demandas do povo.